
Sede da
Fazenda Abaíba em Leopoldina, Minas Gerais.
A sede da fazenda Abaíba foi construída por João Monteiro Lobato
Galvão de São Martinho
na
segunda metade do século passado, no então distrito de Santa Isabel,
hoje Abaíba, na comarca de Leopoldina, Minas Gerais. O nome Abaíba
prende-se ao fato de que João Lobato ia se casar, então escolheu este
nome para dar à fazenda, que em Tupi-Guarani quer dizer Casa de
Noivos. Depois a fazenda Abaíba foi adquirida por Antônio Monteiro
Ribeiro Junqueira que fez vários melhoramentos na mesma, tais como:
construção do terreiro de café e tulha, construção do engenho
de serra, construção do curral, mandando inclusive calçá-lo
inteirinho com pedra.
João Monteiro Lobato Galvão
Alguns anos depois, a Fazenda Cachoeira com mais ou menos 38 alqueires (
hoje pertencentes à fazenda Abaíba), foi à praça e o então
proprietário da fazenda Abaíba arrematou-a. Mandou desmanchar a sede
da mesma e construiu com o madeiramento que trouxe dessa Fazenda, o
paiol, maternidade de porcos, esterqueira, barracão do curral,
bezerreiro, cocheiras, etc.

A Fazenda
Abaíba vista de frente observando-se o terreiro de café logo à frente
a sede mais acima a serraria e anexos a esquerda.
Antônio Monteiro Ribeiro Junqueira e sua esposa
Alice, pais de Erico Ribeiro Junqueira.
Erico
Ribeiro Junqueira com 1 ano de idade, aos 18 anos e aos 22 anos,
respectivamente.
Erico Ribeiro Junqueira e seus
familiares: ao seu lado, seu cunhado Dr. Irineu Lisboa, na linha de
baixo sua irmã Cinira, sua esposa Hermínia, sua cunhada Emília, sua
irmã Noca e sua irmã Antônia, na primeira fila (da esquerda para a
direita) seus irmãos Antônio, José, Alice e Nena. Não aparece na
foto seu irmão Francisco.
Por volta de 1906, o proprietário da
Fazenda Abaíba, comprou a Fazenda Nova Santa Isabel, também de seu tio
João Monteiro Lobato. Posteriormente, adquiriu de seu sogro, a fazenda
Pedra Negra (que tinha cento e tantos alqueires) e que foi incorporada
também à Fazenda. Ficaram então as quatro Fazendas como um todo, pois
cada uma delas fazia divisa com a outra. Antes de falecer, Antônio
Monteiro Ribeiro Junqueira, possuía essas 4 Fazendas (Abaíba,
Cachoeira, anexada à Abaíba, Nova Santa Isabel e Pedra Negra), sendo
também um dos maiores acionistas do Banco Ribeiro Junqueira, do qual
foi sócio fundador. Com o falecimento de seus pais, Erico Ribeiro
Junqueira, nascido a 8 de outubro de 1900 na Fazenda Niagara, assumiu a
direção das Fazendas. Sendo o mais velho de uma família de 9 irmãos,
dos quais assumiu a tutela de 6 irmãos menores, preferiu vender as
ações do banco Ribeiro Junqueira e comprar terras (pois dizia que, se
as Fazendas fossem divididas pelos 9 irmãos, cada um receberia um
sítio).
Erico Ribeiro Junqueira e sua
família: a esposa Hermínia, e seus filhos: Paulo (falecido aos 10 anos
de idade), Maria Alice, Martha e Antônio.
Sendo assim adquiriu as Fazendas
Iracema, com 100 alqueires por cem contos de réis, e a Fazenda São
Joaquim também por cem contos de réis, com 100 alqueires. Foi eleito
presidente da Cia. Leiteira Leopoldinense, substituindo seu pai, e foi
também um dos fundadores da Associação Rural de Leopoldina. Em 23 de
outubro de 1924, Erico casou-se com Hermínia Junqueira Ribeiro de
Andrade tendo o casal tido 4 filhos: Paulo, Maria Alice, Martha e
Antônio. Em 1928, com o resultado do seu trabalho, adquiriu a fazenda
São Mateus por novecentos contos de réis (esta, hoje pertencente ao
seu irmão José Ribeiro Junqueira, prefixo Sama). Com esta compra o
total de terras totalizava 830 alqueires. Em 1930, resolveu erradicar a
lavoura velha plantada por seu pai, que ficava atrás do paiol da
Fazenda Abaíba e fazer o reflorestamento da área, mandando colher
semente de angico e plantando uma em cada cova de café erradicado, numa
área mais ou menos de 30 alqueires. Por volta de 1940, durante uma
Exposição em Leopoldina, tendo Erico convidado cerca de 20 a 30
pessoas para almoçarem na Fazenda Abaíba, constataram durante o
almoço que todos os produtos para o preparo deste almoço, com
exceção do sal, eram produzidos na própria Fazenda. A par dessas
atividades, Erico Ribeiro Junqueira, não descuidou da criação do gado
Guernsey, iniciada por seu pai em 1910, nem da criação do cavalo
Mangalarga Marchador, iniciada por seus antepassados e continuada por
seu pai. Nem na época em que o preço do leite subiu muito e cavalo
tinha pouco valor, época essa, na qual muitos fazendeiros venderam suas
éguas, para substituírem-nas por vacas de leite, Erico dispôs de suas
Matrizes Mangalarga Marchador. Havendo sido constituída por Erico com
os irmãos uma Sociedade Anônima em 1937, relativa aos bens que
possuíam, foi a mesma dissolvida em 1971, cabendo a Erico a Fazenda
Abaíba (com a Fazenda Cachoeira anexada).

Erico
Ribeiro Junqueira proprietário da fazenda Abaíba em uma de suas
últimas fotos.
Erico gostava muito de montar, e era um
exímio acertador de cavalos. Na época da 2 Guerra Mundial, não foram
poucas as vezes que ia a cavalo da Fazenda Abaíba à Leopoldina a 23
Km, e vice-versa, sempre tendo a curiosidade de cronometrar o tempo
gasto. Com um pouco mais de idade, já não montando tanto, de vez em
quando reunia os filhos de alguns empregados da Fazenda no campo de
futebol da Fazenda e lhes ensinava como montar e acertar cavalos. De
1970 para cá, a procura de animais da Raça Mangalarga Marchador
aumentou bastante e Erico viu-se recompensado de todo o trabalho de
seleção que teve no seu plantel, pois seus produtos eram tão
procurados que teve que criar um livro no qual anotava os que estavam em
1, 2, 3, lugar, etc. na preferência do produto que ia nascer. Como ele
só fazia o preço quando entregava o produto, na desmama, o que
estivesse em 1 lugar na ordem de preferência, no livro, era avisado e
se não combinassem no preço, o 2 passava a ter a preferência e assim
por diante. Desta data para cá, Erico continuou morando na Fazenda
Abaíba, sempre continuando a criar o seu Mangalarga Marchador, sendo
obrigado entretanto a cruzar o seu gado Guernsey com o Gir leiteiro para
dar rusticidade ao rebanho e diminuir as despesas com o gado enraçado.
No ano de 1982, Erico teve que ir várias vezes a Carangola para
tratamento de saúde, tendo ficado na última vez internado bastante
tempo. De lá, a conselho médico, foi trazido pelos filhos para São
Paulo, onde permaneceu mais de um mês no hospital Santa Catarina, tendo
depois vindo para casa, onde seus filhos Antônio e Martha moravam,
vindo a falecer aí, onze meses depois, a 15 de janeiro de 1984.