Antônio
Junqueira deu continuidade à criação de seu pai na Abaíba Erico
Ribeiro Junqueira, em suas fazendas no interior de São Paulo. Seu
renomado criatório se desenvolveu paralelamente ao de seu pai, porém tendo havido
constante intercâmbio genético através da troca e empréstimo de
garanhões. 1983 seu criatório foi dividido com sua esposa Maria Amélia
e foram incorporadas a ele a parte que lhe cabia das éguas do criatório
Abaíba recebidas da herança de seu pai Erico Ribeiro Junqueira.
Leia
abaixo a história em detalhes do criatório AJ e Providência.
Pode-se dizer que foi aos 16
anos de idade, em 1946 (antes, portanto, da fundação da Associação do
Mangalarga Marchador), que Antônio de Andrade Ribeiro Junqueira começou
realmente seu criatório, pois embora houvesse ganho de sua mãe Hermínia
uma égua e uma poldra Mangalarga Marchador em 1942 (a égua teve mal de
cadeiras e nunca criou e a poldra foi a notável Providência Beleza), só
começou a anotar as padreações em 1946.
As éguas da Fazenda
Providência, situada no então distrito de Planalto (que fica entre São
José do Rio Preto e Araçatuba), de um modo geral, foram trazidas do Sul de Minas
pelo avô materno de Antônio, Arlindo Ribeiro de Andrade, nascido na
Fazenda do Mato Sem Pau, município de Lavras - MG, alguns anos
após ter o mesmo adquirido a Fazenda Providência na década de 1920.
Tendo doado esta Fazenda a seus
filhos, Hermínia (Secção do Pau d’Alho), Emília (Secção do
Barreiro) e Samuel (Sede), em 1937, foram as éguas também objeto de
doação aos mesmos, Samuel retirou logo a sua parte, ficando em comum as
éguas pertencentes à Hermínia e Emília.
Em 1946, quando foi passar as
férias na Fazenda Providência, Antônio pediu ao seu avô materno se
poderiam ser divididas as éguas de sua mãe e de sua tia, com o que
concordou Arlindo; mandando então que um gerente, que tinha para olhar
suas Fazendas, o fizesse. Nestas mesmas férias foram os dois plantéis
divididos.
Em 1942, Arlindo já havia
pedido ao seu irmão, então proprietário da Fazenda do Mato Sem Pau
(Manoel Ribeiro de Andrade), para lhe vender um garanhão que refrescasse
o sangue da eguada pertencente às suas filhas. Este garanhão se chamava
Nilo.
Apoiou o seu criatório em 3
éguas bases que foram: Providência Beleza, Providência Princesa e
Providência Creoula (éguas antigas do criatório Providência, sem
sangue do Nilo).
Em 1946, Antônio começou a
anotar as padreações deste cavalo com as éguas antigas da Fazenda e de
algumas, já filhas deste, com as referidas éguas antigas.
Em 1951, Antônio resolveu ir
até a Fazenda Abaíba comprar um garanhão de seu pai. Entre os
garanhões que viu: Abaíba Emir, Abaíba Eldorado, Abaíba Muqui, Abaíba
Naipe e Abaíba New York (estes dois últimos, potros ainda, com 3 anos de
idade), ficou logo, assim que o viu sair da cocheira, apaixonado pelo
Eldorado.
Embora soubesse que era difícil
adquirir esse garanhão, Antônio não conseguiu escolher outro.
Voltou para São Paulo, e qual
não foi sua surpresa, quando teve notícias que o Eldorado vinha vindo
por estrada de ferro (que era o transporte da época) acompanhado pelo
Darcy Pinheiro (criado desde os12 anos por Erico, sendo seu peão de
confiança).
Conseguiu Antônio que Eldorado
ficasse descansando alguns dias no Parque da Água Branca; enquanto isso,
mandou chamar o fiscal da Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho),
João Pedro Rodrigues, para vir buscá-lo. Juntos, embarcaram Eldorado
(também por estrada de ferro) para São José do Rio Preto. De
automóvel, Antônio e o fiscal da Fazenda foram acompanhando a viagem do
cavalo, parando em algumas cidades onde informaram-se onde o vagão com o
cavalo ia parar, para dar ração, verde e água ao mesmo. Em São João
do Rio Preto, Eldorado foi desembarcado e foi por terra puxado pelo
cabresto por João Pedro Rodrigues e um peão da Fazenda, que o estava
esperando, com dois cavalos de custeio, até a Fazenda Providência
(Secção do Pau d’Alho), descansando nos pontos de pouso que existiam
para boiadas.
Infelizmente naquela época,
não existiam caminhões com grade.
Assim, no 2º semestre de 1951,
Abaíba Eldorado chegou à Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho).
Cobriu, nesse ano, praticamente,
todas as éguas do plantel e algumas do plantel de sua tia (Emília).
Como nessa época estava
ocorrendo nessa região uma espécie de epidemia, "mal das
cadeiras", e o tratamento era difícil e prolongado, Antônio
resolveu levar as éguas para a Fazenda Lagoa Formosa, de seu avô.
Foi nesta Fazenda que nasceu
Retrato, o 1º filho de Abaíba Eldorado, em terras paulistas, em
24/10/1952.
Antônio mandou Retrato,
beirando os 5 anos de idade, de presente para seu pai.
Lá, foi o mesmo registrado com
o prefixo Abaíba, passando a se chamar Abaíba Retrato (reg. 101).
E é ele o pai de Abaíba Marengo.
Com exceção de Retrato, nesta
primeira prole, todos os filhos de Abaíba Eldorado, receberam nomes
começados pela letra A: assim tivemos Providência Alvorada, Providência
Argentina, etc.
No ano seguinte a letra B e
assim sucessivamente.
Infelizmente, os animais só
puderam permanecer um ano, na Fazenda Lagoa Formosa, pois havia carência
de fósforo na região e várias éguas começaram a aparecer com
"cara inchada". Voltaram a eguada e o Eldorado então para a
Fazenda Providência (Secção do Pau d’Alho). Lá o criatório
continuou por muitos anos, até mais ou menos 1972, tendo sido levado
depois para a Fazenda Lagoa Formosa novamente, pois Antônio recebera por
doação de sua mãe esta fazenda.
Muitos foram os bons produtos,
nascidos de Abaíba Eldorado, na Fazenda Providência, destacando-se as
fêmeas: Providência Alvorada, Providência Argentina, Providência
Baroneza, Providência Índia, Providência Ilíada, Providência Jóia,
Providência Dalila, Providência Cigana, Providência Garoa, Providência
Helena, etc., e os machos: Abaíba Retrato, Providência Famoso,
Providência Garoto, etc..
Tendo um número já de poldras,
na idade de cobertura e não encontrando um outro reprodutor à altura de
Abaíba Eldorado, usou-o nas próprias filhas, tendo obtido um excelente
resultado. A seleção do rebanho deu um salto enorme e daí destacaram-se
as seguintes fêmeas: Providência Eletra (filha de Providência
Argentina), Providência Helenice (filha de Providência Dalila),
Providência Haia (filha de Providência Cigana), Providência Jandaia
(filha de Providência Dalila), Providência Mara (filha de Providência
Alvorada), Providência Morena (filha de Providência Garoa), Providência
Nuvem (filha de Providência Alvorada), etc., e os machos: Eldorado II
(que morreu novo e filho de Providência Alvorada), Providência Imã
(filho de Providência Baroneza), Providência Itú (filho de Providência
Alvorada), Providência Júpiter (filho de Providência Alvorada),
Providência Leblon (filho de Providência Alvorada), etc..
Em 1959, Abaíba Eldorado foi
trazido a São Paulo, com dezenove anos de idade, na III Exposição –
Feira de Gado Leiteiro e Cavalos Marchadores e sagrou-se o Campeão da
Raça. Acreditamos ser o 1º cavalo Mangalarga Marchador, registrado,
campeão em São Paulo.
Estando Providência Itú com 3
anos, foi então experimentado no plantel, cobrindo algumas éguas.
Quando Abaíba Marengo estava
mais ou menos com 1 ano de idade (nasceu em 17/10/1964), Antônio pediu
para seu pai para traze-lo, recria-lo na Fazenda Providência, e tirar
algumas produções do mesmo; enquanto isto, Itu iria para a Fazenda
Abaíba e permaneceria lá.
Assim, veio o Marengo para a
Providência, onde seus olhos tristes viveriam anos de extrema felicidade.
Abaíba Eldorado morreu aos 24
anos de idade, portanto em 1964, na Fazenda Providência, em
conseqüência de uma pancada que tomou na soldra e que infeccionou.
Providência Itu foi usado em
1965 e depois foi emprestado à Fazenda Abaíba.
Neste interregno de tempo foram
usados os garanhões Providência Júpiter e em algumas éguas
Providência Escudo, até que Abaíba Marengo completasse 3 anos.
Abaíba Marengo foi recriado e
usado no rebanho até 1972, quando devolvido à Fazenda Abaíba. Deixou
numerosa descendência de ótima conformação e andamento, tendo se
destacado à Campeã Nacional, em Goiânia 1973, Providência Pastora.
E o Campeão Nacional,
Providência Regente, em Campos – RJ, em 1975. Deixou muitas outras
filhas e filhos.
Um filho de Abaíba Marengo,
Providência Quartzo, nesse intervalo de tempo foi usado em algumas
éguas.
Tendo retornado da Abaíba em
1972, foi Providência Itú para a Fazenda Lagoa Formosa e começou a
servir parte do plantel que já havia ido para lá.
O restante do plantel, que havia
ficado na Providência, foi servido por Providência Quartzo.
Antônio, quando levou parte do
plantel para a Fazenda Lagoa Formosa, começou a utilizar em todo o
criatório (da letra U, inclusive, em diante), o sufixo A. J. no lugar do
prefixo Providência.
Em 1974, também foi usado no
plantel Providência Regente.
Em 1975, Antônio pediu a seu
pai o Abaíba Reserva emprestado para um período de monta.
Em 1976, Providência Regente
foi usado praticamente em todas as éguas.
O plantel, que até 1976 era bem
mais numeroso, foi reduzido por Antônio que mandou ao Leilão realizado
em Belo Horizonte, neste ano, mais ou menos 28 animais entre machos e
fêmeas, tendo batido o Record nacional para o preço de fêmeas de todas
as raças, com Providência Quimera (Cento e cinco mil cruzeiros).
Em 1977, além de Providência
Regente, foi usado também Xerife AJ.
Em 1978, solicitou Antônio a
seu pai o empréstimo novamente de Abaíba Reserva, que foi colocado com
todas as éguas da Fazenda.
Em 1979, as coberturas foram
divididas entre Providência Regente e Xerife AJ.
Em 1980, foram as éguas
cobertas por Xerife AJ, Abaíba Eros e Providência Regente.
Em 1981, foram novamente
Providência Regente e Xerife AJ que padrearam as éguas.
Em 1982, 1983,1984 e 1985 foi
Abaíba Gim o principal padreador do rebanho.
Em 1986, 1987 e 1988, as
coberturas do plantel foram distribuídas entre Providência Regente,
Abaíba Gim e Hércules AJ.
Muitos foram os prêmios obtidos
pelos animais de prefixo Providência, como também de sufixo AJ, além
dos recordes de preços em leilões, que começaram com Providência
Quimera, em Belo Horizonte em 1976, e se estenderam até este ano com
Banda AJ no II Leilão Abaíba, da Marca Âncora, passando nesse espaço
de tempo por Herança AJ, Xerife AJ, Cobiça AJ, Uniforme AJ, etc., alguns
já em mãos de outros proprietários.
Antônio, se sente certamente
realizado como associado ao cavalo Mangalarga Marchador, desde já, pelo
fato de ter sido o criador de Providência Itú e de União AJ, que
considera os melhores animais que seu criatório já produziu até o
momento.
São mais de 57 anos de criação, com
mais de 1.000 produtos nascidos sob as legendas Providência e
A.J., tornando-se assim um marco na moderna História da Raça Mangalarga
Marchador.
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